17/01/2017

Série Minimalismo - Eps. 2 - Sociedade de Consumo


No meu processo de Minimalização deparei-me com a quantidade obscena de publicidade à qual sou sujeita todos os dias:

Ao ler um jornal ou revista, há publicidade em todas as páginas. Há páginas só com cupões e informação de promoções e campanhas.

Ao ver TV tenho de levar com 30 minutos de publicidade para cada 15 minutos de conteúdo. Rádio, idem idem aspas aspas.

Ao conduzir vejo a estrada rodeada de mupis e cartazes a anunciar de tudo, desde lingerie ao Cirque du Soleil a Partidos Políticos.

Pego no meu telemóvel para ver o Instagram, Facebook ou Reddit e pelo meio vou apanhando publicidade - alguma até vem disfarçada de posts legítimos, e eu mal percebo que estou a ver publicidade e não algo partilhado por alguém conhecido.

Vou ao Cinema, pago 10€ por um bilhete, levo com 20 minutos de publicidade antes, e se não bastasse ainda há o product placement descarado dentro do próprio filme. 

Abro o meu email e recebo 40 emails com campanhas e promoções e newsletters.

Vais pagar o combustível à caixa e tentam vender-te chocolates e pastilhas elásticas. Tu já és cliente, já estás a comprar, mas eles tentam vender-te mais!

Conheço uma pessoa nova e antes que dê por isso ela está a tentar vender-me Bimbys, Yves Rocher ou Tupperwares. Arrête, demónio!

Estou na minha vidinha, toca-me o telemóvel e tenho alguém do outro lado a vender-me seguros, cartões de crédito, telecomunicações ou entregas de água em casa.

Estou no sossego do meu lar e vêm bater-me à porta para me vender subscrições do Círculo de Leitores (mas isso ainda existe??).


A verdade é esta, somos todos consumidores, e o mundo está feito para nos vender tudo o que conseguir. E estamos todos tão frágeis, deprimidos, insatisfeitos, confusos que nos tornamos vulneráveis a tudo isto. Sim, é verdade, em dias mais difíceis um email com campanhas 3 pelo preço de 2 da Primor tornava-se irresistível. 

Roupa, maquilhagem, decoração, sapatos, gadgets, ou até chinesises - quando estamos em baixo, é comum procurarmos conforto em coisas novas. mas isso resulta apenas numa casa cheia de trabalha de que não precisamos, um armário cheio de roupa e sapatos de má qualidade que nem sequer nos ficam assim tão bem , uma conta bancária precária e a mesma tristeza que começou tudo isto. Mas pior ainda, porque ficámos mais pobres.


Para agravar tudo isto, somos bombardeados com produtos baratos, promoções fantásticas, preços bombásticos! Negócios que seriamos parvos se não aproveitássemos!

E na nossa ânsia de poder comprar e comprar sem grande peso na consciência paramos de questionar: porque raio é isto tão barato?

A verdade é que sabemos, sabemos todos muito bem. É um segredo mal guardado: as nossas coisas são fabricadas por trabalhadores pouco ou nada remunerados em condições deploráveis e sem qualquer tipo de segurança. As nossas coisas vêm com um botão de self-destruct: roupa barata que se deforma, desbota ou rasga em menos de um ano de utilização, gadgets que se tornam obsoletos assim que saímos da loja com eles, eletrodomésticos feitos para durar pouco para alem dos 2 anos de garantia, comida com prazos de validade demasiado curtos e nem sempre por uma questão de zelo. Tudo  que compramos é descartável. Compramos e deitamos fora e depois compramos mais, e continuamos a dizer a nós mesmos: "Uau, que barato!". E ao mesmo tempo sofrem as criancinhas escravizadas no Bangladesh nas quais nós optamos por não pensar muito. E sofre o planeta terra, com a quantidade de recursos desperdiçados e lixo acumulado. E sofremos nós, com uma casa cheia de tralha e uma mente atafulhada de emoções e angústias que não conseguimos confortar com compras. 


Alguns truques que sugiro para se tentarem proteger da fúria do marketing

1. Fazer Unsubscribe a todos os emails publicitários, campanhas, promoções e newsletters de lojas e afins que caem constantemente no email. Isto pode ser feito verbalmente com telemarketing - basta indicar que não autorizam contactos futuros, mas não é uma solução sempre eficaz - quem conhece a realidade dos call centers sabe que não é tão simples como apagar um nome da base de dados. Outra opção é a de atender apenas chamadas de números identificados e conhecidos. 

2. Navegar anonimamente na internet. Os nossos computadores guardam todas as nossas pesquisas, e certamente já repararam como depois de verem um artigo na Amazon ou noutra loja online, começam a aparecer publicidades a esse artigo por todo o lado. 

3. Manter um caderno onde tomar nota de todas as despesas diárias. Pode ajudar a identificar onde se anda a gastar dinheiro desnecessariamente.

4. Evitar ir ver montras, dá azo a compras impulsivas. Há tantos sítios giros para passear como parques e jardins e praias. A Natureza não nos tenta vender nada.




Nama-fucking-ste, People! 🙇

~Phee~

Série Minimalismo – Eps.1 – Ser Minimal

Momentos chegam na vida de uma pessoa em que, tal como uma casa, as fundações começam a assentar: desvendamos que todas dúvidas e inquietações da juventude eram, afinal, parvas. Qualquer pressão para ser um certo tipo de pessoa, ouvir um certo tipo de música, vestir de uma certa maneira ou agir de uma certa forma passa a ser apreendida com absoluta indiferença. Esse silêncio mental e quietude permitem analisar de forma muito mais clara: o que é realmente importante para mim?


A resposta a essa questão será sempre diferente de pessoa para pessoa, e em momentos diferentes das nossas vidas, até podemos ver alterações nas nossas respostas individuais. Eu tenho procurado formas de me apaziguar e de conseguir uma vida mais plena e focada. Consigo agora ver todas as coisas que uso como distrações e analgésicos mentais para evitar confrontar as emoções negativas ou preocupações que vão surgindo: redes sociais, jogos no telemóvel, comida, e compras. Todas estas coisas tem vindo a ocupar espaço mental e físico na minha vida, e eu preciso desse espaço de volta.

Foi através destas reflexões e fruto também de alguma pesquisa que comecei a considerar o Minimalismo como um estilo de vida que me parece capaz de ir de encontro às minhas necessidades. Existem várias abordagens diferentes perante o Minimalismo, algumas mais extremas do que outras, como em tudo. 

Para mim, ser minimalista significa olhar para os elementos que me rodeiam (sejam objetos, relacionamentos, etc, etc) e questionar:

Isto é-me útil?

Isto contribui de alguma forma para a minha felicidade?

Isto entra de alguma forma em conflito com os meus princípios morais e/ou éticos?





O que, na prática, se deverá refletir numa vida mais focada e intencional, redução do consumismo e desperdício e numa mente, vida e casa livres de tralha. Isto não irá acontecer de um dia para o outro, e provavelmente nunca serei perfeitamente minimalista. Mas neste caso, como em muitas coisas na vida, o que importa é a viagem e não o destino.

Estas são as formas como pretendo englobar o Minimalismo na minha vida:

- Reduzir distrações virtuais: Jogos de telemóvel, Facebook, Reddit, etc;

- Reduzir o guarda Roupa ao essencial, e tentar passar a comprar roupa de forma intencional, seletiva e sem recorrer a fast-fashion;

- Reduzir o recheio da casa ao essencial e passar a comprar decoração ou mobília de forma Intencional e seletiva;

- Simplificar a minha alimentação, englobando pelo menos um dia por semana de alimentação vegetariana;

- Comprar maquilhagem e cosmética apenas quando necessário (substituir algo que acabou/passou o prazo) e limitar-me a marcas cruelty free

- Dedicar-me mais sériamente ao Yoga e meditação como forma de limpeza da mente;

- Limitar as minha interações sociais às pessoas que, realmente, são importantes para mim e deixar de fazer fretes só porque “fica mal”;

- Procurar um emprego que seja compatível com a minha personalidade, em vez de andar a nadar contra a maré;






Existem muitos recursos online acerca do Minimalismo como estilo de vida. Se de alguma forma o que eu disse vos fez sentido e gostariam de saber mais, aqui ficam alguns dos que me pareceram mais informativos:

Rachel Aust - O Canal de YouTube da Rachel Aust tem uma listra de reprodução chamada Minimalism Series, com 17 vídeos com dicas e ideias. Outros YouTubers com vídeos muito interessantes acerca do assunto são a JennyMustard, a Zoey Arielle e Break the Twitch.


E a TEDTalk com Joshua Fields Millburn and Ryan Nicodemu, os produtores do documentário. 

Farei alguns Posts desta série abordando a forma como apliquei os princípios minimalistas nas várias facetas da minha vida, e partilharei as vitórias e insucessos ao longo do processo.


Nama-fucking-ste, People! 🙇

~Phee~




11/04/2016

Cosmética Cruelty Free - Como se eu não tivesse inquietações suficientes na minha vida

Respondi a um questionário recentemente acerca de hábitos de compra de cosméticos de luxo, onde eu podia indicar que marcas eu recomendaria. De uma listagem de cerca de 20 ou 25 marcas de luxo, apenas uma não testava em animais. Fiquei triste e desiludida, comecei a pesquisar mais e mais. É fácil ignorar estes assuntos, ou desconsiderá-los como sendo preocupações de SJWs e militantes da PETA, e continuar a comprar os produtos que nos são tão convenientes ou apelativos e não pensar em mais nada. É fácil para nós, mas não é fácil para a bicharada.

Eu gosto de comer animaizinhos, tenho de admitir. Já gostei mais do que gosto hoje, e já comi mais do que como hoje, mas não me vejo num futuro próximo ou distante a tornar-me 100% vegetariana. Desculpem lá. Bacon is bae.

De qualquer forma, eu gosto de animais, e tenho no meu seio familiar um fedelhinho cuja espécie costuma estar sujeita aos horrores dos testes de laboratório entre outros fins, para cosméticos.

Gilbert, o Kingslayer a assistir aos Goonies


Tenho um coelhinho, não sou capaz de comer coelhinhos, fico agoniada quando vejo cadáveres de coelhinhos expostos no talho, e tenho vindo a sentir que coelhinhos fofinhos como o meu não deveriam estar sujeitos a torturas e abuso. Eu cometi o erro de investigar exactamente que testes é que eram feitos nos animais, porque pensei, bom, quão mau pode ser?



Se tiverem estômago para isso, pesquisem.

Eu não consigo abdicar da carne na alimentação. Pelo menos não para já. Mas não há justificação possível para continuar a usar produtos que são testados em animais, principalmente quando já existem tantas alternativas para conseguir garantir produtos de utilização segura perfeitamente humanas e eficazes.

Uma coisa é substituir um bife por seitan - é preciso uma certa dose de ajuste, é mais caro, e vamos ser sinceros, não é bem a mesma coisa. Também é bom, mas não é um bife.

Mas não custa NADA fazer escolhas cruelty-free no que diz respeito à cosmética porque não há diferença nenhuma entre um produto testado em animais ou testado através de técnicas alternativas - nem a nível de qualidade, nem de segurança e nem sequer de preço. Basta uma pesquisa rápida para perceber que marcas testam em animais ou não. Aconselho a app para Android Boycott, que permite ver através do código de barras do produto se ele entra em conflito com as vossas ideologias pessoais. No site da PETA tem algumas listagens bastante extensivas das marcas que testam e que não testam e tem mesmo uma função de pesquisa.




Os testes em animais na indústria da cosmética foram proibidos na União Europeia em 2013. No entanto, esta prática ainda ocorre nos Estados Unidos da América e é obrigatória na China. Isto é, qualquer marca que queira comercializar os seus produtos na China terá de os submeter a testes em animais. Ora a China é um grande mercado, especialmente para as marcas de luxo. Algumas marcas recusam-se a compactuar com esta lei e por isso mesmo não vendem na China, outras acedem a fazer os testes necessários para o mercado chinês, apesar de não o fazerem nos restantes mercados, e outras fazem sempre testes em animais porque são evil e cheiram a cócó! (não literalmente, algumas até cheiram bem, mas é uma fachada para disfarçar o sei cheiro a cócó metafórico).

Se pesquisarem muitas vezes encontram declarações como esta, que se lê no site da L'oreal:
"Since March 2013, the Group has taken another decisive step: The Group no longer tests on animal, anywhere in the world, and does not delegate this task to others. An exception could be made if regulatory authorities required it for safety or regulatory purposes. "

Que é como quem diz: Nós nunca fazemos testes em animais!! (a não ser quando fazemos).


Marcas que cheiram a cócó metafórico

Existe ainda um outro detalhe: algumas marcas não testam em animais, mas podem pertencer a uma marca-mãe que o faça. Um exemplo: a NYX pertence à L'oreal. A Nyx em si não faz testes em animais de nenhum dos seus produtos ou ingredientes, é uma marca 100% cruelty free, mas ao comprar NYX estamos a injectar dinheiro na L'oreal, ou não? Estou ainda em conflito em relação a este assunto, gostava de ouvir opiniões.


Outro conflito com que me debato é: o que faço agora com os produtos que tenho em casa cujas marcas testam em animais? O que acham? Uso até acabar ou mando fora?

A boa noticia no meio disto tudo é que há muitas marcas que não testam em animais, algumas até vão mais longe e excluem a utilização de qualquer produto de origem animal (como cera de abelha por exemplo), sendo por isso adequadas a um estilo de vida vegan, e não é por isso que são mais caras do que as outras. Não é preciso abdicar de nada!

Marcas que cheiram bem e que não torturam coelhinhos


Se ficaram tristes de descobrir que algumas das vossas marcas favoritas testam em animais, a minha sugestão é começar por fazer um... boicote não, é uma palavra tão forte. Digamos antes, suspender a aquisição de produtos daquela marca até que as suas politicas sejam revistas. Façam chegar o vosso descontentamento junto das mesmas. Pensem nos coelhinhos! (e nos ratitos, e nos macaquinhos, e nos gatinhos e canitos...)





11/03/2016

Uma reflexão sobre selfies, Kim Kardashian e o Dia da Mulher



No Dia Internacional da Mulher, a socialite Kim Kardashian West postou uma selfie da sua figurinha tal e qual como Deus a trouxe ao mundo (com um ou outro melhoramento) no Instagram. Não façam de conta que não viram, vocês viram.

Surpreendeu-me ela estar com tão bom aspecto e tão confiante para se expor daquela maneira quando teve um bebé há uns 3 meses. Claro que o dinheiro, as cirurgias plásticas, os personal trainers e essas coisas todas que fazem parte dos privilégios de se fazer parte do 1% ajudam. Mas bom para ela, de qualquer maneira.

Depois vieram os comentários online:

É uma puta, é uma porca, não tem vergonha, mãe de filhos a fazer estas figuras, há coisas que devia guardar só para o marido ver, não vale nada, é famosa por não fazer nada, é famosa por ser burra, é famosa por ter feito um filme porno. Não tem talento, não tem inteligência, não tem valor. Uma Kardashian boa é uma Kardashian morta!

Bette Midler, essa respeitada diva, veterana do teatro e variedades, veio para o Twitter fazer um espirituoso reparo em como a única coisa que a Kim Kardashian ainda não mostrou ao mundo foram os órgãos internos. Cute. 



Celebrou-se o Dia da Mulher a achincalhar uma mulher que tem um corpo extraordinário - para quem muita gente gosta de olhar - por ela mesmo gostar de olhar e de mostrar o dito corpo. Que mal nos fez Kim Kardashian? Magoou alguém? Explorou alguém? Insultou alguém? É crime ser vaidosa? É crime ser superficial? É crime uma mulher achar-se bonita? 

Não. Crime é slut-shaming, bullying, agressão verbal. Crime é sermos mulheres que cospem noutras mulheres quando elas vivem uma verdade que é diferente da nossa, porque não compreendemos, porque não nos revemos, ou porque invejamos. É crime ensinarmos as nossas filhas e filhos de que quando uma mulher se expõe - fisicamente ou de outra forma - está-se a pôr a jeito para escrutínio, abuso e ofensa. Tradução: Está a pedi-las.




Apedrejar (figurativamente) uma mulher por ser desenvergonhada e provocadora é algo que já era suposto termos ultrapassado em pleno século XXI no mundo Ocidental. Mas pelos vistos o Dia Internacional da Mulher só serve mesmo para dar negócio às floristas, porque a lição fundamental continua perdida:

as mulheres devem ser livres de viver as suas vidas como bem entenderem e as suas escolhas  devem ser respeitadas, mesmo quando não são as mesmas escolhas que nós, pessoalmente, faríamos. 

 
Não interessa como uma mulher se veste ou se comporta. Se é mãe de 10 filhos ou se se recusa a procriar. Se é casada ou se mantém simultaneamente 30 amantes. Se usa golas altas ou anda com a borda do rabo de fora. Se é um tubarão empresarial ou se é uma dona de casa. Se passa as noites a ler em casa ou a tarrachar no Main. Se ouve metal ou Justin Bieber. Who fucking cares? A única coisa que interessa ser é um ser humano decente que não magoa nem prejudica ninguém. Chamem putas às mulheres que maltratam crianças, velhos e animais, por exemplo. Se é para odiar, ao menos redireccionem para o sitio certo. Mostrar uma mamoca ou outra não faz mal a ninguém, pelo contrário, até eleva a moral.





Parecemos ter entranhado nos ossos esta noção de que uma mulher pode ser inteligente ou pode ser bonita, mas nunca as duas coisas. Ou até pode ser inteligente e bonita, desde que nunca se tenha visto ao espelho e não saiba que é bonita, porque a modéstia é sexy, aparentemente.

Vemos uma mulher bem arranjada, maquilhada, com roupa que a favorece a tirar uma selfie para registar como se sente bem na sua própria pele naquele dia, e nunca nos vai passar pela cabeça que ela possa ser engenheira bioquímica ou campeã mundial de xadrez? Porquê? O que é que há naquele gesto que a faça perder pontos de QI? Não se pode ser feminina e feminista? Temos de escolher? Ou bem que leio um livro ou bem que faço o buço mas as duas coisas não pode ser?



Talvez seja verdade que a inteligência, a bondade, a generosidade, o sentido de humor, são valores mais duradouros e mais importantes de cultivar do que a aparência física. Mas podemos ser geniais, amorosas, leais, hilariantes e fucking fabulous ao mesmo tempo, mesmo que isso deixe algumas pessoas desconfortáveis.


A cultura das selfies é provocadora e desafiante, e muita gente a menospreza, porque há quem se sinta desconfortável com o facto das mulheres, pela primeira vez, deixarem de ser apreciadas através da visão de um pintor, da mão de um escultor, ou da câmara de um fotografo. As mulheres hoje são construtoras da sua própria feminilidade, são a arte e o artista, são independentes e livres e donas da sua própria imagem. Elas escolhem como se expõem e quanto se expõem e a quem se expõem. E essa é uma escolha que temos de respeitar, sempre.

Amem-se mais umas às outras, lutem pelas escolhas umas das outras, defendam-se umas às outras de qualquer ataque às vossas dignidades e liberdades de escolha.

E quando acordarem, olharem-se ao espelho e admirarem como o vosso cabelo está espectacular hoje, tirem uma selfie.




“You painted a naked woman because you enjoyed looking at her, put a mirror in her hand and you called the painting “Vanity,” thus morally condemning the woman whose nakedness you had depicted for you own pleasure.”- John Berger


13/09/2015

1200 is Plenty - Refeições para uma dieta baixa em calorias

Olá Meninas!



E Meninos!



Decidi partilhar aqui algumas das minhas opções alimentares nesta nova fase da minha vida.
Não gosto da expressão "dieta" porque pressupõe que é uma fase temporária. Eu gosto de acreditar que encontrei finalmente um sistema alimentar que funciona para mim, e aos poucos estou a encontrar o meu equilíbrio e aprender a ter uma relação saudável com a comida e que daqui a um ano não estarei outra vez num ciclo de comer uma pizza média sozinha + sobremesa todos os fins de semana e jantar merendas de segunda a sexta. Sim, isso foi uma fase que aconteceu.

Também não gosto de apregoar truques e dicas de alimentação porque se há coisa que aprendi ao longo de anos de tentativas de "dietas" é que não existe um modelo universal que funciona para toda a gente. Ler acerca de dietas "infalíveis", ler casos de sucesso a dizerem "se eu consegui, qualquer pessoa consegue", resulta numa frustração extrema quando falhamos a nossa tentativa.

Por esse motivo eu vou partilhar o que funcionou PARA MIM e que pode eventualmente ajudar outra pessoa. Ou não. E se não funcionar não tem mal nenhum. O truque é continuar à procura e não desistir. 

Para mim o Holy Grail da alimentação é uma app/site chamado My Fitness Pal que ajuda a registar e a controlar as calorias e também os macros (proteínas, fibras, gorduras, etc). 


A própria app define valores ideais a partir dos nossos dados - no meu caso, 1200 calorias por dia. A partir daí basta fazer contas.
E graças a Deus a app faz isso também, porque matemática é coisa que não me assiste.


Junto algumas fotos de refeições e respectivas calorias para inspirar quem se quiser inspirar e para dar uso às fotos inúteis de comida que estou constantemente a tirar no Instagram.

Macedónia de Legumes - Pimentos - Cogumelos - Chouriço - Queijo ralado: 200 Calorias

Atum - Feijão frade - Ovo cozido - Maionese - Cebola - Pleno Camomila: 420 Calorias

Aveia - Leite Magro - Banana - Frutos vermelhos - Granola caseira - Chá verde: 318 calorias

Gelado sem Lactose de Morango - bolacha de amendoim: 94 Calorias

Hamburguer de vaca - Queijo Brie - Molho Barbecue - Salada de Alface e Rucula: 213 Calorias (Yup!)

Quiche integral de frango e cogumelos: 400 Calorias (fatia)

Sopa de Legumes sem batata - Pão de Cereais - Queijo Brie - Uvas: 425 Calorias



Ficaram inspirados/as? Ou ficaram deprimidos e com vontade de ir a um Burguer King?
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Goddamn, agora apetece-me ir ao Burguer King...



02/01/2014

Shiro Cosmetics - The seven Kingdoms Colection

OMGOMGOMGOMG

Eu tenho duas obsessões na minha vida. Obsessões que tento manter sob controle, pelo menos à vista desarmada de quem me rodeia, para tentar evitar intervenções ou potenciais internamentos forçados em instituições especializadas. São eles maquilhagem e a série Game of Thrones.

Coisa que por acaso até combina mal, porque isto é o que acontece quando se vê episodios do Game of Thrones com a cara cheia de makeup:



Hoje ao passear pelos meandros da internet encontrei a Shiro Cosmetics, uma loja online cujo mote é "Make up and Geekery" - que é como quem diz, vendem linhas de maquilhagem inspiradas naquelas coisas das quais só gostamos em segredo ou em message boards destinados para esse fim.

Existe uma Hobbit Collection inspirada no Senhor dos Anéis, existe uma Tribute Collection, inspirada na saga The Hunger Games e existe... sim... existe a Seven Kingdoms Collection.


 No link podem ver a colecção completa. Para quem conhece a série e os livros, estas cores e os nomes remetem imediatamente para as personagens e o imaginário geral da série.

Alguns exemplos:




Toda esta maquilhagem é 100% vegan, não é testada em animais e é fundamentalmente artesanal. Para além disso, as encomendas vem sempre acompanhadas de amostras grátis e guloseimas. Score!

Infelizmente encomendar dos Estados Unidos é sempre complicado, pois sem contar com o longo tempo de espera, os portes de envio (7,50$) e as fortes possibilidades de extravio, corre-se sempre o risco de acabar com a encomenda refém na alfândega, onde muitas vezes pedem uns valores exorbitantes de taxas alfandegarias para a pessoa poder levantar a encomenda pela qual já pagou. Mas estou a considerar correr o risco. depois digo-vos como correu.

Porque eu mereço (ser geek e fabulosa)


18/09/2013

Porque de vez em quando também me revolto


Recentemente ao vasculhar essas migalhas de pão seco que são as ofertas de emprego online, descobri esta pérola, cortesia da empresa de comunicação J.U.I.C.E.



“Admitimos quem queira trabalhar!

Somos uma empresa de Marketing e Comunicação e procuramos alguém que não queira ter um emprego.

Queremos alguém para trabalhar a sério! Queremos alguém que trabalhe muito! Queremos alguém que queira ganhar dinheiro…. Mas acima de tudo que queira decidir quanto quer ganhar!

Alguém que convença os nossos parceiros que "tem de ser mesmo para hoje" e, enquanto espera "cinco minutinhos", envia por email algumas propostas e faz 9,5 chamadas para potenciais clientes!

Precisamos de alguém que consiga conduzir e falar ao telemóvel ao mesmo tempo (não assumimos a valor da multa, tá claro!! Auricular, Bluetooth…é livre de escolher!) ou que seja um expert em transportes públicos… e aí não faz diferença se fala ou não ao telefone. Mas era importante que falasse, o tempo que se ganha em viagem!

Oferecemos boas condições mas acima de tudo oportunidade de carreira until death do us part!

Precisamos de alguém que seja MUITO bom a convencer pessoas, dotado de muita paciência e pouca força… porque nem sempre é fácil esclarecer alguns clientes!

Um compromisso que surge do nada ou uma reunião agendada em cima do joelho é o nosso dia-a-dia… portanto gravem uma SMS nos favoritos do telefone para enviar ao mais que tudo. Qualquer coisa do tipo:

“Amor, hoje não vai dar para ir ao cinema porque não saio antes das 22h. Beijos, amo-te muito!" (é só um exemplo, mas temos uma lista á disposição).

Não estamos a procura de um contabilista mas dava jeito que o Excel não fosse um bicho de 7 cabeças e que olhar para uma factura e interpretá-la não fosse uma experiencia surreal.

Já agora não precisas de falar japonês ou eslovaco mas ajuda se o domínio do português estiver acima da média.

Se achas que este trabalho é para ti, envia CV. Se te parece muita areia para a tua camioneta, procura uma coisinha mais simples!

Boa sorte!”


Não sei do que gosto mais, sinceramente.

O que o anúncio deixa absolutamente claro é que estão a recrutar um escravo: tem de trabalhar furiosamente, tem de vender, vender, vender, tem de estar a trabalhar a qualquer dado momento, mesmo quando em deslocação, tem de ser capaz de fazer 10 vendas telefonicas em 5 minutos e tem de comprometer a sua vida familiar em prol deste trabalho. E fazê-lo com gosto!

Em momento nenhum sabemos o que é que se recebe em troca desta fabulosa oportunidade de trabalhar de sol a sol, mas o que sabemos é que qualquer pessoa que torça o nariz a este anuncio é preguiçosa e não quer verdadeiramente trabalhar.



Não sabemos qual o pacote salarial, mas encontramos um dos meus chavões favoritos dos anúncios de emprego para vendas: “decida quanto quer ganhar!”. Claro, se a pessoa vender muito, vai ganhar proporcionalmente. Mas convenhamos: um produto fácil de vender, não implica assim tanto esforço. É certo que um vendedor agressivo e eficaz consegue até vender saquinhos de cócó. Uma empresa que assume num anúncio que precisa de vendedores furiosos está basicamente a dizer “o que temos para vender não é assim tão bom, portanto precisamos de pessoas capazes de engana...ahem... convencer potenciais clientes”.

E não estando mencionado, e correndo o risco de estar para aqui a levantar falsos testemunhos... não conseguem sentir o cheiro a “recibos verdes” nas entrelinhas? Caso não conheçam é um cheiro meio azedo com um travinho a exploração e sonhos perdidos.

Gosto do uso do “till death do us part” – por um lado o uso do anglicismo recorda que se trata de uma empresa de comunicação e marketing, e portanto são cool e falam umas coisas de inglês. Fica tambem subentendido que a pessoa vai trabalhar com eles até morrer, o que não significa necessariamente uma carreira muito longa. Eu pessoalmente atirava-me para uma linha de comboio ao final da primeira semana.





Adoro a moral por trás de tudo isto: querem um comercial que fale ao telemovel enquanto conduz, mas não pagam multas (“ahahaha brincadeirinha! Somos mesmo engraçados! Não, mas a sério, não pagamos”).

O comercial fica tambem avisado de que vai ter vontade de bater em pessoas, mas não o pode fazer. Esta noção não só é revolucionária enquanto forma de aliciar potenciais candidatos como serve de insulto subtil aos clientes da empresa. É um two-in-one (eu também sou poliglota e cool!)

Como não aguentei a curiosidade, fui procurar o site da empresa onde fui logo recebida com este banner:





Como não sabiam se haviam de escolher estar juntos ou unidos, optaram por deixar estar estar as duas coisas. “Iremos conseguir êxito” parece-me que deve ter sido escrito pelo estagiário esloveno lá do sitio. Ainda bem que desta vez eles reforçaram que precisam de alguém que saiba falar Português.

Encontrei também uma linguagem muito diferente, já não tratam ninguém por tu, e em vez de promoverem o esclavagismo, violência e irresponsabilidade automobilística, garantem que “Sempre pautámos a nossa presença no mercado por valores profissionais e morais que regem as nossas acções num mercado competitivo.” Pois concerteza que sim. Por muito que eu gostasse de ter um novo emprego, neste caso acho que vou optar por não me candidatar a esta posição. Eu e a JUICE vamos ficar separados afastados.

 












Em conclusão, se este anúncio é o melhor que esta empresa de comunicação consegue fazer, eu espero mesmo que consigam arranjar um bom vendedor, daqueles capazes de vender saquinhos de cócó. Vão precisar.